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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A família Maldita - Capitulo 3

Capitulo 3
Interceptado pela primeira vez.

Toc, toc, toc. Todos se sobressaltaram com a leve batida na porta.
   - Pode entrar? – Disse Abel
   Era Joana, esposa de Max.
   - Bom dia, amores! – Disse Joana, dando um selinho em Max, e beijando a testa de Alex, seu filho e Eduardo, seu sobrinho. Em Abel, Joana beijara cada bochecha, dizendo para Max logo em seguida: - Obrigada, por fazer o café da manhã, assim vai me deixar mal-acostumada. Por que você não me acordou para comermos juntos? Enfim, - Disse sem esperar por uma resposta - eu terei que sair, vou ao salão arrumar meus cabelos, Denise, minha irmã, chegará aqui no Rio de Janeiro daqui a uns dois dias, e prometi fazer uma confraternização, uma comemoração dependendo das respostas que os diretores derem.
   Denise, esposa de Abel, era uma agente bancária, que tinha um sonho em ser escritora, depois de cinco anos tentando, conseguiu escrever um livro que uma editora quisesse publicar, livro que virou best-seller e permaneceu seis semanas em primeiro lugar de vendas no Brasil e no mundo. Agora, Denise viajou até Hollywood, a fim de convencer um diretor de cinema para adaptar seu livro em um filme.
   - O cartão de crédito está no quarto, se foi isso o que veio me pedir – Max disse, rindo.
   - Não é isso, seu bobo! Só vim lhe dizer onde estava indo, até porque eu tenho meu próprio dinheiro. E o que todos vocês estão fazendo aqui?

   - Conversando – Alex disse. Não deixava de ser verdade.
   - Certo! – Disse Joana. – Amor, por favor, faz o almoço hoje? Prometo que farei o jantar e o recompensarei depois e olha que estarei com um cabelo maravilhoso.
   - Eu seria maluco se não aceitasse, mas por que você não faz o cabelo um dia antes de a Denise chegar?
   - Eu só irei cortar e quem sabe pintá-lo e duas coisas, primeiro que eu não estou fazendo meu cabelo para ela e sim para você, a Denise só é uma desculpa e outra, amanhã estarei muito ocupada fazendo comida para a confraternização, então só me resta hoje para ir ao salão.
   - Ok! – Max apenas disse.
   Joana beijou rapidamente a boca de Max e se despediu dos demais.
   - Vamos à cozinha, enquanto preparo a comida, eu conto o que aconteceu conosco – disse Max, se referindo a ele e a Abel, seu irmão, ao dizer “conosco”.

***

   Durante um mês completo nada acontecera, mas depois...
   Numa certa noite, quando o relógio do meu celular marcava meia noite, algo estranho se sucedeu, as luzes começaram a piscar e meu celular começou a tocar ‘Nova era’ do Angra, me acordando com todo o estardalhaço que a música fazia. Meus pais ainda estavam viajando, eles voltariam no final da semana, chegando no dia do meu aniversário e do da Nicole de dezessete anos, visto que éramos irmãos gêmeos, embora eu fosse mais velho. Desliguei o celular e voltei a deitar, achando aquilo muito estranho, quando fechei os olhos senti que o quarto estava claro, abri os olhos e de repente constatei que a janela do meu quarto estava brilhando, uma luz forte entrava iluminando tudo e ofuscando um ser estranho e gigante que apareceu bem no meio do cômodo, me sobressaltei com a aparição, conseguia ouvir meus próprios batimentos cardíacos, o ser que estava em minha frente devia ter uns dois metros e meio de altura. Meu coração estava tão acelerado que cheguei a pensar que enfartaria.
   - Mate-se... Esse é o único jeito de evitar o sofrimento de sua família – de repente algo caiu em minha cama e tudo voltou ao normal, até a escuridão.
   Com as mãos trêmulas, liguei o abajur e fechei os olhos para me acostumar com a fraca luz, meu peito subia e descia com a respiração pesada, quando abri os olhos, levei um susto ao perceber que se tratava de uma faca, uma faca havia caído em minha cama, levantei-me rapidamente e peguei o celular para ver as horas, mas o editor de texto estava aberto e em letras garrafais; estava escrito: MATE-SE, em vermelho. Larguei o celular e fui ver meus irmãos, a lâmpada da cozinha estava oscilando, respirei fundo e serrei os punhos, estava preparado para lutar, quando entrei no cômodo, a luz voltou a sua frequência normal e pude ver que em uma das paredes, estava escrito: MATE-SE, numa tinta marrom, com cada letra sendo escorrida, estremeci ao pensar que poderia ser sangue. Virei, indo em direção ao quarto de meus irmãos, entrei primeiro no quarto da Nicole, mas ela não estava lá, quando vi sua cama vazia, o desespero tomou conta de mim e comecei a gritar, chamando-a, implorando a Deus que aquilo fosse uma pegadinha e que ela estivesse escondida, fui ao quarto do meu irmão, mas Abel também não estava lá.
   Ambos desapareceram, chequei as janelas, trancadas, fui à porta de entrada, também trancada, assim como todas as janelas, fui para meu quarto para pegar o celular e ligar para polícia, me esquecendo do telefone fixo que se encontrava na sala, o que foi bom, pois encontrei Abel e Nicole, parados, estáticos, olhando para cima. Levei um susto ao encontrá-los lá, dei graças a Deus por meus irmãos estarem bem.
   - Abel, Nicole! – Chamava, mas eles não me respondiam, então comecei a sacudi-los e quase no mesmo instante um fio de sangue começou a descer pelo nariz de Abel; e Nicole começou a chorar sangue, ainda olhando para cima, com a boca aberta. – Parem com isso, vocês estão me assustando.
   Abel foi o primeiro a sair do transe e cair aos meus braços, Nicole se ajoelhou e colocou a mão na cabeça e fez uma careta, como se seu cérebro latejasse, me abaixei junto com Abel e abracei também minha irmã, secando as lágrimas do meu rosto.
   - Porque eu estou no seu quarto? – Perguntou Nicole, meio grogue.

   Enquanto limpava o sangue de seus rostos, eu explicava tudo o que tinha me acontecido, Nicole não estava acreditando, achava que eu estava inventando, no entanto a minha surpresa foi quando levei os dois para a cozinha e não havia nada na parede.
   - Vocês têm que confiar em mim, eu não mentiria para vocês!
   - Max você está assistindo muito filme de terror! Se liga cara, eu não sou criança, o pior é que eu não sei se você está acreditando que isso realmente aconteceu, ou está sendo apenas um ótimo ator.
   - Vamos dormir no mesmo quarto, assim podemos nos proteger caso algo ataque um de nós – disse Abel, tentando evitar uma briga entre Nicole e eu.
   - Se toca, nada vai nos atacar, o Max está mentindo!
   - Então porque você estava no meu quarto chorando sangue? – Perguntei.
   - Eu não sei Max – Nicole gritou, então respirou fundo e disse calmamente. - Só sei que estou muito grandinha para acreditar que um fantasma anda assombrando a casa. Talvez você teve um pesadelo e Abel e eu somos sonâmbulos.
   - Li em um livro que o sonambulismo é interligado com o sobrenatural, quando uma pessoa está sofrendo com visitas de espíritos, ou se comunica com eles, as mentes dessas pessoas ficam tão desgastadas que elas viram sonâmbulas.
   - Ora faz-me um favor – Nicole forçou uma risada de desdém. – Tenho dois irmãos, Max, o louco que acredita em seus próprios pesadelos e o outro é um nerd achando que o RPG demoníaco dele está acontecendo de verdade.
   - Ei! – Disse Abel irritado. – Tomara que você morra, sua vagabunda ridícula. E outra, você também já jogou RPG, sua cachorra lazarenta.
   Todos sabiam que Abel odiava preconceitos, ainda mais quando se tratava de um assunto que ele gostava, como livros e jogos de RPG.
   - Dá para acabar com os elogios? – Disse, sendo irônico. - Nós estamos em perigo. Nicole, nós temos que estar unidos, se você não acredita em mim pelo menos finge que acredita, iremos sim dormir juntos, três é mais forte que um, se você quiser ser morta, morra quando nossos pais estiverem aqui, eu estou no comando e não quero que nossos pais digam que fui negligente.
   - Muito obrigado por se preocupar comigo – disse Nicole, revirando os olhos.
   - Se eu dissesse que era por eu estar preocupado com você, adiantaria?
   - Vai se ferrar, garoto escroto!
   Antes que eu conseguisse dar uma resposta, meu celular começou a tocar, meu coração ficou acelerado e o medo se aflorou em meu sistema, peguei uma faca da cozinha e fui em direção ao meu quarto. Não havia ninguém, o celular tocava e vibrava se movimentando perigosamente na quina da mesinha, o visor dizia ser uma chamada do meu pai, mas quando atendi, a voz era totalmente diferente e o homem falava um inglês americano difícil de compreender. Nunca gostei de estudar qualquer outro idioma, mas tinham de falar outras línguas para conseguir ganhar dinheiro na carreira de modelo.
   - Alô – disse.
   - Hello, my name’s Julian, I’m a... – Ainda me lembro das palavras do policial, de sua voz, do tom de censura, como se não quisesse falar comigo.
“Olá, meu nome é Julian, sou um policial perito, você conhece Jorge e Ludmila Martin Willians?
   - São meus pais! – Disse num rústico inglês, sem sotaque e com as vozes trêmulas de nervosismo e medo. – O que aconteceu?
   - Infelizmente, eles sofreram um acidente, seu pai por algum motivo perdeu a direção do carro, tanto Jorge quanto Ludmila estão na UTI, e infelizmente estão correndo risco de perderem a vida – quando o policial disse essas palavras finais, deixei o celular cair da minha mão. Ao mesmo tempo em que grossas lágrimas deslizavam por meu rosto incrédulo e chocado, minha perna perdeu a força e caí ajoelhado, batendo a patela no chão.
   - Hello! – O policial gritava no telefone caído.
   - O que aconteceu? – Perguntou Abel.
   - Max, o que aconteceu com nossos pais? Diga que eles estão bem – Nicole estava pálida e com os olhos lacrimosos.
   Meu coração estava tão despedaçado, uma angústia tão grande se apertava em minha garganta que não consegui responder, só olhei para ela tentando interromper o choro e dizer algo, mas sem conseguir.
   - Não! – Nicole exclamou num grito rouco. – Por que isso está acontecendo com a gente? – Sua voz saiu entrecortada com o choro.
   - Hello?
   Nicole se ajoelhou devagar, enquanto chorava histericamente, mesmo com a angústia e o medo me dilacerando, encontrei forças para puxá-la perto de mim e abraçá-la, Abel começava a entender o que se passava e seus olhos enchiam-se de lágrimas, também o abracei.
   - Hello...


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