Capitulo
3
Interceptado
pela primeira vez.
Toc, toc, toc. Todos se sobressaltaram com a leve
batida na porta.
- Pode entrar?
– Disse Abel
Era Joana,
esposa de Max.
- Bom dia,
amores! – Disse Joana, dando um selinho em Max, e beijando a testa de Alex, seu
filho e Eduardo, seu sobrinho. Em Abel, Joana beijara cada bochecha, dizendo
para Max logo em seguida: - Obrigada, por fazer o café da manhã, assim vai me
deixar mal-acostumada. Por que você não me acordou para comermos juntos? Enfim,
- Disse sem esperar por uma resposta - eu terei que sair, vou ao salão arrumar
meus cabelos, Denise, minha irmã, chegará aqui no Rio de Janeiro daqui a uns
dois dias, e prometi fazer uma confraternização, uma comemoração dependendo das
respostas que os diretores derem.
Denise,
esposa de Abel, era uma agente bancária, que tinha um sonho em ser escritora,
depois de cinco anos tentando, conseguiu escrever um livro que uma editora
quisesse publicar, livro que virou best-seller e permaneceu seis semanas em
primeiro lugar de vendas no Brasil e no mundo. Agora, Denise viajou até
Hollywood, a fim de convencer um diretor de cinema para adaptar seu livro em um
filme.
- O cartão de crédito está no quarto, se foi
isso o que veio me pedir – Max disse, rindo.
- Não é isso,
seu bobo! Só vim lhe dizer onde estava indo, até porque eu tenho meu próprio
dinheiro. E o que todos vocês estão fazendo aqui?
- Conversando
– Alex disse. Não deixava de ser verdade.
- Certo! –
Disse Joana. – Amor, por favor, faz o almoço hoje? Prometo que farei o jantar e
o recompensarei depois e olha que estarei com um cabelo maravilhoso.
- Eu seria
maluco se não aceitasse, mas por que você não faz o cabelo um dia antes de a
Denise chegar?
- Eu só irei
cortar e quem sabe pintá-lo e duas coisas, primeiro que eu não estou fazendo
meu cabelo para ela e sim para você, a Denise só é uma desculpa e outra, amanhã
estarei muito ocupada fazendo comida para a confraternização, então só me resta
hoje para ir ao salão.
- Ok! – Max
apenas disse.
Joana beijou
rapidamente a boca de Max e se despediu dos demais.
- Vamos à
cozinha, enquanto preparo a comida, eu conto o que aconteceu conosco – disse
Max, se referindo a ele e a Abel, seu irmão, ao dizer “conosco”.
***
Durante um
mês completo nada acontecera, mas depois...
Numa certa
noite, quando o relógio do meu celular marcava meia noite, algo estranho se
sucedeu, as luzes começaram a piscar e meu celular começou a tocar ‘Nova era’
do Angra, me acordando com todo o estardalhaço que a música fazia. Meus
pais ainda estavam viajando, eles voltariam no final da semana, chegando no dia
do meu aniversário e do da Nicole de dezessete anos, visto que éramos irmãos
gêmeos, embora eu fosse mais velho. Desliguei o celular e voltei a deitar,
achando aquilo muito estranho, quando fechei os olhos senti que o quarto estava
claro, abri os olhos e de repente constatei que a janela do meu quarto estava
brilhando, uma luz forte entrava iluminando tudo e ofuscando um ser estranho e
gigante que apareceu bem no meio do cômodo, me sobressaltei com a aparição,
conseguia ouvir meus próprios batimentos cardíacos, o ser que estava em minha
frente devia ter uns dois metros e meio de altura. Meu coração estava tão
acelerado que cheguei a pensar que enfartaria.
- Mate-se...
Esse é o único jeito de evitar o sofrimento de sua família – de repente algo
caiu em minha cama e tudo voltou ao normal, até a escuridão.
Com as mãos
trêmulas, liguei o abajur e fechei os olhos para me acostumar com a fraca luz,
meu peito subia e descia com a respiração pesada, quando abri os olhos, levei
um susto ao perceber que se tratava de uma faca, uma faca havia caído em minha
cama, levantei-me rapidamente e peguei o celular para ver as horas, mas o
editor de texto estava aberto e em letras garrafais; estava escrito: MATE-SE,
em vermelho. Larguei o celular e fui ver meus irmãos, a lâmpada da cozinha
estava oscilando, respirei fundo e serrei os punhos, estava preparado para
lutar, quando entrei no cômodo, a luz voltou a sua frequência normal e pude ver
que em uma das paredes, estava escrito: MATE-SE, numa tinta marrom, com cada
letra sendo escorrida, estremeci ao pensar que poderia ser sangue. Virei, indo
em direção ao quarto de meus irmãos, entrei primeiro no quarto da Nicole, mas ela
não estava lá, quando vi sua cama vazia, o desespero tomou conta de mim e
comecei a gritar, chamando-a, implorando a Deus que aquilo fosse uma pegadinha
e que ela estivesse escondida, fui ao quarto do meu irmão, mas Abel também não
estava lá.
Ambos desapareceram,
chequei as janelas, trancadas, fui à porta de entrada, também trancada, assim
como todas as janelas, fui para meu quarto para pegar o celular e ligar para
polícia, me esquecendo do telefone fixo que se encontrava na sala, o que foi
bom, pois encontrei Abel e Nicole, parados, estáticos, olhando para cima. Levei
um susto ao encontrá-los lá, dei graças a Deus por meus irmãos estarem bem.
- Abel,
Nicole! – Chamava, mas eles não me respondiam, então comecei a sacudi-los e
quase no mesmo instante um fio de sangue começou a descer pelo nariz de Abel; e Nicole começou a chorar sangue, ainda olhando
para cima, com a boca aberta. – Parem com isso, vocês estão me assustando.
Abel foi o
primeiro a sair do transe e cair aos meus braços, Nicole se ajoelhou e colocou
a mão na cabeça e fez uma careta, como se seu cérebro latejasse, me abaixei
junto com Abel e abracei também minha irmã, secando as lágrimas do meu rosto.
- Porque eu
estou no seu quarto? – Perguntou Nicole, meio grogue.
Enquanto
limpava o sangue de seus rostos, eu explicava tudo o que tinha me acontecido,
Nicole não estava acreditando, achava que eu estava inventando, no entanto a
minha surpresa foi quando levei os dois para a cozinha e não havia nada na
parede.
- Vocês têm
que confiar em mim, eu não mentiria para vocês!
- Max você
está assistindo muito filme de terror! Se liga cara, eu não sou criança, o pior
é que eu não sei se você está acreditando que isso realmente aconteceu, ou está
sendo apenas um ótimo ator.
- Vamos
dormir no mesmo quarto, assim podemos nos proteger caso algo ataque um de nós –
disse Abel, tentando evitar uma briga entre Nicole e eu.
- Se toca,
nada vai nos atacar, o Max está mentindo!
- Então
porque você estava no meu quarto chorando sangue? – Perguntei.
- Eu não sei
Max – Nicole gritou, então respirou fundo e disse calmamente. - Só sei que
estou muito grandinha para acreditar que um fantasma anda assombrando a casa.
Talvez você teve um pesadelo e Abel e eu somos sonâmbulos.
- Li em um
livro que o sonambulismo é interligado com o sobrenatural, quando uma pessoa
está sofrendo com visitas de espíritos, ou se comunica com eles, as mentes
dessas pessoas ficam tão desgastadas que elas viram sonâmbulas.
- Ora faz-me
um favor – Nicole forçou uma risada de desdém. – Tenho dois irmãos, Max, o
louco que acredita em seus próprios pesadelos e o outro é um nerd achando que o
RPG demoníaco dele está acontecendo de verdade.
- Ei! – Disse
Abel irritado. – Tomara que você morra, sua vagabunda ridícula. E outra, você
também já jogou RPG, sua cachorra lazarenta.
Todos sabiam
que Abel odiava preconceitos, ainda mais quando se tratava de um assunto que
ele gostava, como livros e jogos de RPG.
- Dá para
acabar com os elogios? – Disse, sendo irônico. - Nós estamos em perigo. Nicole,
nós temos que estar unidos, se você não acredita em mim pelo menos finge que
acredita, iremos sim dormir juntos, três é mais forte que um, se você quiser
ser morta, morra quando nossos pais estiverem aqui, eu estou no comando e não
quero que nossos pais digam que fui negligente.
- Muito
obrigado por se preocupar comigo – disse Nicole, revirando os olhos.
- Se eu
dissesse que era por eu estar preocupado com você, adiantaria?
- Vai se
ferrar, garoto escroto!
Antes que eu
conseguisse dar uma resposta, meu celular começou a tocar, meu coração ficou
acelerado e o medo se aflorou em meu sistema, peguei uma faca da cozinha e fui
em direção ao meu quarto. Não havia ninguém, o celular tocava e vibrava se
movimentando perigosamente na quina da mesinha, o visor dizia ser uma chamada
do meu pai, mas quando atendi, a voz era totalmente diferente e o homem falava
um inglês americano difícil de compreender. Nunca gostei de estudar qualquer
outro idioma, mas tinham de falar outras línguas para conseguir ganhar dinheiro
na carreira de modelo.
- Alô – disse.
- Hello, my name’s Julian, I’m a... – Ainda me lembro das palavras do policial, de sua
voz, do tom de censura, como se não quisesse falar comigo.
“Olá, meu nome é Julian, sou um policial perito, você
conhece Jorge e Ludmila Martin Willians?
- São meus
pais! – Disse num rústico inglês, sem sotaque e com as vozes trêmulas de
nervosismo e medo. – O que aconteceu?
-
Infelizmente, eles sofreram um acidente, seu pai por algum motivo perdeu a
direção do carro, tanto Jorge quanto Ludmila estão na UTI, e infelizmente estão
correndo risco de perderem a vida – quando o policial disse essas palavras
finais, deixei o celular cair da minha mão. Ao mesmo tempo em que grossas
lágrimas deslizavam por meu rosto incrédulo e chocado, minha perna perdeu a
força e caí ajoelhado, batendo a patela no chão.
- Hello! – O
policial gritava no telefone caído.
- O que
aconteceu? – Perguntou Abel.
- Max, o que
aconteceu com nossos pais? Diga que eles estão bem – Nicole estava pálida e com
os olhos lacrimosos.
Meu coração estava
tão despedaçado, uma angústia tão grande se apertava em minha garganta que não
consegui responder, só olhei para ela tentando interromper o choro e dizer
algo, mas sem conseguir.
- Não! –
Nicole exclamou num grito rouco. – Por que isso está acontecendo com a gente? –
Sua voz saiu entrecortada com o choro.
- Hello?
Nicole se
ajoelhou devagar, enquanto chorava histericamente, mesmo com a angústia e o
medo me dilacerando, encontrei forças para puxá-la perto de mim e abraçá-la,
Abel começava a entender o que se passava e seus olhos enchiam-se de lágrimas,
também o abracei.
- Hello...
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