Se não leram os anteriores, cliquem aqui para ler o Prólogo, ou aqui para ler o Capítulo I.
Capítulo II
Compunção
Foi naquele fatídico dia, que tiveram início
nossas dores e aflições. Ainda me lembro dos gritos histéricos de Christopher e
do choro de Victor, ao verem Olívia distendida, naquele estado lamentável:
suja, ensanguentada, com uma feição horripilante, tendo a carne dilacerada por
famintos urubus.
- Não, mãe! Volte,
mamãe! - Gritava Victor, horrorizado com a visão à sua frente.
- Quem fez isso?
Apareça, desgraçado! - Bradava Chris, olhando ao redor, procurando o culpado.
Algumas
horas antes...
... meu tio havia saído para caçar e pediu que tia Olívia
ficasse com Victor. Porém, ela pretendia ir à festa que teria no Centro,
colocando, rapidamente, Victor para dormir, desfrutando da chance para ir à
festa, mesmo sozinha, àquela hora da noite. Ao
menos foi a conclusão que tiramos quando chegamos em casa e não vimos Dave ou
Olívia.
Estava com meu pai, num
pequeno mercado da cidade, comprando vegetais para preparar o afamado guisado
de carne com legumes do meu tio, que, por orgulho, foi chamado "Sopa M",
sendo M de máster. Esta "sopa" costumava lhe dar boa sorte, e ele
nunca havia saído para caçar sem ao menos comer um prato dela. Mas nesse dia
foi diferente, demoramos demais para chegar em casa e ele já havia partido.
- Raven, procure seu
tio, rápido! Ele não comeu a sopa, temos que torcer para que ele ainda esteja
por perto, ou algo terrível pode acontecer - disse Chris, nervoso, correndo até
a cozinha para dar início ao guisado.
- Estou indo pai! -
Corri o mais rápido que pude, na direção do bosque.
Adentrei a floresta,
indo cada vez mais ao fundo, até ouvir um barulho. Pareceu-me o som de um
disparo. Meu tio deve estar
perto, já deve ter começado a caçar. Já
sem fôlego, dentre as árvores, o avistei em meio ao "bosque
amaldiçoado", como era chamado por meu pai, parado e com sua espingarda largada
no chão. Em sua frente, estava um animal enorme, jamais havia visto tamanho
bicho em minha vida.
- Tio! Vamos para
casa, meu pai está lhe chamando para comer o guisado. Vejo que com a carne que
conseguiu, poderemos fazer um prato para cada um de nossos vizinhos e ainda
sobrará para a semana que vem! - Gritei para meu tio, aproximando-me.
- Volte, Raven! Diga
ao seu pai que aquilo - enfatizou a palavra "aquilo" - aconteceu
novamente. Peça para ele não vir, ou o próximo acabará sendo ele - disse Dave,
com uma voz trêmula.
- Mas... tio, meu
pai está... - Fui rapidamente interrompido com os berros de Dave: Vai agora moleque! Quer morrer? E, com medo, voltei à passos
ligeiros para casa.
Quando cheguei à
casa de Dave, Victor acordou e não estava se sentindo nada bem.
- Onde está a minha
mãe? - Perguntou Victor, num tom cansado.
- Ela deve ter
saído, estava falando o dia inteiro sobre a festa que teria na cidade – tentei o
acalmar.
- Não! Ela não está
lá! Ela está com o papai! Eu os vi... no… bosque maldito - sussurrou, lembrando
que seu pai o disse para jamais pronunciar tais palavras.
Mesmo falando baixo,
Victor não conseguiu impedir meu pai de ouvir. Ele saiu da cozinha aos berros.
- Mas o quê? O que
você disse sobre o Bosque Maldito? - Chris levantou, agressivamente, Victor da
cama, puxando-lhe pela camisa.
- Não, não me
machuque! Perdoe-me! - Victor pediu. - Não sei que lugar é esse, mas ouvi meu
pai falando sobre isso em um de meus sonhos, ouvi também que eu sou seu
herdeiro - disse, mais calmo.
- Isso não pode
acontecer, não agora! - Gritou Chris, saindo de casa às pressas, correndo pela
floresta, até o Bosque Maldito.
- Não vá, pai! Meu
tio disse que se o senhor fosse, seria o próximo! Volte! - Gritei, tentando
pará-lo, contudo, em vão. Por isso, corri desesperadamente ao seu encontro.
Depois de tanto
correr, acabei avistando meu pai. Tenho
um mal pressentimento sobre isso, melhor me esconder atrás de algum arbusto - pensei. Sem que percebêssemos, meu primo
nos seguiu e, ao chegar onde meu pai e eu estávamos, entrou num estado de
choque. Victor olhou para o bosque, encontrou a espingarda de seu pai e, ao
lado, um enorme corpo. Quanto mais chegava perto, mais sentia medo. Ele
suspirou fortemente, sua respiração estava trêmula e ofegante, já pensando no
pior, finalmente percebeu que, realmente, o que ele mais temia, havia se
tornado realidade.
- Mamãe! Acorda mãe!
O que houve com você? Tá saindo tinta vermelha daqui! - Apontou para o peito de
Olívia. - Onde está o papai? Responde, por favor, mamãe! Acorda, acorda! -
Gritou Victor.
Meu pai berrou,
procurando pelo culpado, até que viu a espingarda de seu irmão. A partir daí,
soube do que se tratava.
Chris chegou perto
de Victor para lhe consolar.
- Vamos para casa,
Victor, não se esqueça do que viu aqui. Um dia, há de matar o culpado, com suas
próprias mãos, mas até lá, sua mãe estará sempre aqui - apontou para o peito de
Victor, do lado esquerdo. - Vamos voltar.
- Mas, mas... quem
vai me contar histórias quando for dormir? Quem vai afofar meu travesseiro
quando eu for deitar? Quem vai brincar comigo quando eu estiver sozinho?
Quem... - Victor parou de falar, começou a olhar para o vazio em sua frente,
encarando friamente algo.
- Victor, Victor!
Vamos, não é hora de ficar parado, temos que sair daqui! Ah não, Dave! Até seu filho tem de
sofrer com isso - pensou
Chris, relembrando um doloroso passado. - Ray! Venha aqui, rápido! - Gritou.
Rapidamente saí
detrás do arbusto.
- Como soube que eu
estava lá? - Perplexo com a cena, por um segundo, perdi completamente o
controle dos meus sentidos e deixei de ouvir parte do que meu pai havia dito. -
Pode repetir, pai? Não ouvi o que o senhor disse, mas antes, o que está
acontecendo aqui? - Indaguei, traumatizado com o que via.
- Não há tempo para
explicar agora, apenas pegue o seu primo e corra para casa de Dave! Rápido, sem
moleza! - Gritou Chris, enquanto ia atrás do corpo de Olívia, para enterrá-lo,
voltando pouco tempo depois de nós.
Victor estava
pálido, com os olhos completamente negros. Eu não sabia o que fazer, até que a
solução me apareceu repentinamente com uma súbita queda. Foi então que Victor
recobrou os sentidos.
- Onde estou? Cadê a
mamãe? Ah, meu... Deus... mãe! - Gritou Victor e, para evitar nosso atraso,
soquei-o, fazendo-o desmaiar.
Chegando em casa,
percebemos que Dave ainda não havia voltado da caça. Por isso, Victor decidiu
sair e o procurar. Sabendo que Victor tentaria procurar seu pai, Chris se adiantou
e ficou de guarda na porta, para que ninguém saísse, ou mesmo entrasse. Sabia
que se Victor saísse, tudo seria perdido.
- Onde pensa que
vai, mocinho? - Perguntou Chris, fazendo a mesma cara sínica de sempre.
- Vou procurar meu
pai! Preciso o ver, tenho que ficar com ele! - Retrucou Victor.
- Victor, seu pai
está caçando, sabe que nesses momentos ele não gosta de companhia. Ele vai
acabar lhe confundindo com um animal qualquer e atirar em você. Como fez com sua mãe - pensou.
- Tudo bem, mas se
dentro de uma hora ele não aparecer, ninguém vai me impedir de ir atrás dele! -
Victor gritou, virando as costas.
- Ok, ok. Agora pode
ir para o seu quarto, ou, seja lá para onde você queira ir, mas não saia de
casa - disse Chris.
- Depois de toda
aquela tensão, Chris se deitou no sofá, ressentido, sabendo que tudo o que
acontecera era por culpa sua, por um juramente que fizera com seu irmão, Dave,
no Bosque Maldito. Ainda me
lembro das palavras... "Meu sangue vos darei e minha vida preencherei. Meu
herdeiro terá seu valor, trará paz e harmonia, o segundo trará desgraça e será
amaldiçoado. Minha vida é sua vida, hoje serei um novo ser, possuído pelas
divindades e protegido por meu mestre."
- E pensar que foi
minha a culpa. O juramento que ambos fizemos, para um bem maior, acabou trazendo
a desgraça para o segundo herdeiro... Victor.
Capítulo II
Compunção
Foi naquele fatídico dia, que tiveram início
nossas dores e aflições. Ainda me lembro dos gritos histéricos de Christopher e
do choro de Victor, ao verem Olívia distendida, naquele estado lamentável:
suja, ensanguentada, com uma feição horripilante, tendo a carne dilacerada por
famintos urubus.
- Não, mãe! Volte,
mamãe! - Gritava Victor, horrorizado com a visão à sua frente.
- Quem fez isso?
Apareça, desgraçado! - Bradava Chris, olhando ao redor, procurando o culpado.
Algumas
horas antes...
... meu tio havia saído para caçar e pediu que tia Olívia
ficasse com Victor. Porém, ela pretendia ir à festa que teria no Centro,
colocando, rapidamente, Victor para dormir, desfrutando da chance para ir à
festa, mesmo sozinha, àquela hora da noite. Ao
menos foi a conclusão que tiramos quando chegamos em casa e não vimos Dave ou
Olívia.
Estava com meu pai, num
pequeno mercado da cidade, comprando vegetais para preparar o afamado guisado
de carne com legumes do meu tio, que, por orgulho, foi chamado "Sopa M",
sendo M de máster. Esta "sopa" costumava lhe dar boa sorte, e ele
nunca havia saído para caçar sem ao menos comer um prato dela. Mas nesse dia
foi diferente, demoramos demais para chegar em casa e ele já havia partido.
- Raven, procure seu
tio, rápido! Ele não comeu a sopa, temos que torcer para que ele ainda esteja
por perto, ou algo terrível pode acontecer - disse Chris, nervoso, correndo até
a cozinha para dar início ao guisado.
- Estou indo pai! -
Corri o mais rápido que pude, na direção do bosque.
Adentrei a floresta,
indo cada vez mais ao fundo, até ouvir um barulho. Pareceu-me o som de um
disparo. Meu tio deve estar
perto, já deve ter começado a caçar. Já
sem fôlego, dentre as árvores, o avistei em meio ao "bosque
amaldiçoado", como era chamado por meu pai, parado e com sua espingarda largada
no chão. Em sua frente, estava um animal enorme, jamais havia visto tamanho
bicho em minha vida.
- Tio! Vamos para
casa, meu pai está lhe chamando para comer o guisado. Vejo que com a carne que
conseguiu, poderemos fazer um prato para cada um de nossos vizinhos e ainda
sobrará para a semana que vem! - Gritei para meu tio, aproximando-me.
- Volte, Raven! Diga
ao seu pai que aquilo - enfatizou a palavra "aquilo" - aconteceu
novamente. Peça para ele não vir, ou o próximo acabará sendo ele - disse Dave,
com uma voz trêmula.
- Mas... tio, meu
pai está... - Fui rapidamente interrompido com os berros de Dave: Vai agora moleque! Quer morrer? E, com medo, voltei à passos
ligeiros para casa.
Quando cheguei à
casa de Dave, Victor acordou e não estava se sentindo nada bem.
- Onde está a minha
mãe? - Perguntou Victor, num tom cansado.
- Ela deve ter
saído, estava falando o dia inteiro sobre a festa que teria na cidade – tentei o
acalmar.
- Não! Ela não está
lá! Ela está com o papai! Eu os vi... no… bosque maldito - sussurrou, lembrando
que seu pai o disse para jamais pronunciar tais palavras.
Mesmo falando baixo,
Victor não conseguiu impedir meu pai de ouvir. Ele saiu da cozinha aos berros.
- Mas o quê? O que
você disse sobre o Bosque Maldito? - Chris levantou, agressivamente, Victor da
cama, puxando-lhe pela camisa.
- Não, não me
machuque! Perdoe-me! - Victor pediu. - Não sei que lugar é esse, mas ouvi meu
pai falando sobre isso em um de meus sonhos, ouvi também que eu sou seu
herdeiro - disse, mais calmo.
- Isso não pode
acontecer, não agora! - Gritou Chris, saindo de casa às pressas, correndo pela
floresta, até o Bosque Maldito.
- Não vá, pai! Meu
tio disse que se o senhor fosse, seria o próximo! Volte! - Gritei, tentando
pará-lo, contudo, em vão. Por isso, corri desesperadamente ao seu encontro.
Depois de tanto
correr, acabei avistando meu pai. Tenho
um mal pressentimento sobre isso, melhor me esconder atrás de algum arbusto - pensei. Sem que percebêssemos, meu primo
nos seguiu e, ao chegar onde meu pai e eu estávamos, entrou num estado de
choque. Victor olhou para o bosque, encontrou a espingarda de seu pai e, ao
lado, um enorme corpo. Quanto mais chegava perto, mais sentia medo. Ele
suspirou fortemente, sua respiração estava trêmula e ofegante, já pensando no
pior, finalmente percebeu que, realmente, o que ele mais temia, havia se
tornado realidade.
- Mamãe! Acorda mãe!
O que houve com você? Tá saindo tinta vermelha daqui! - Apontou para o peito de
Olívia. - Onde está o papai? Responde, por favor, mamãe! Acorda, acorda! -
Gritou Victor.
Meu pai berrou,
procurando pelo culpado, até que viu a espingarda de seu irmão. A partir daí,
soube do que se tratava.
Chris chegou perto
de Victor para lhe consolar.
- Vamos para casa,
Victor, não se esqueça do que viu aqui. Um dia, há de matar o culpado, com suas
próprias mãos, mas até lá, sua mãe estará sempre aqui - apontou para o peito de
Victor, do lado esquerdo. - Vamos voltar.
- Mas, mas... quem
vai me contar histórias quando for dormir? Quem vai afofar meu travesseiro
quando eu for deitar? Quem vai brincar comigo quando eu estiver sozinho?
Quem... - Victor parou de falar, começou a olhar para o vazio em sua frente,
encarando friamente algo.
- Victor, Victor!
Vamos, não é hora de ficar parado, temos que sair daqui! Ah não, Dave! Até seu filho tem de
sofrer com isso - pensou
Chris, relembrando um doloroso passado. - Ray! Venha aqui, rápido! - Gritou.
Rapidamente saí
detrás do arbusto.
- Como soube que eu
estava lá? - Perplexo com a cena, por um segundo, perdi completamente o
controle dos meus sentidos e deixei de ouvir parte do que meu pai havia dito. -
Pode repetir, pai? Não ouvi o que o senhor disse, mas antes, o que está
acontecendo aqui? - Indaguei, traumatizado com o que via.
- Não há tempo para
explicar agora, apenas pegue o seu primo e corra para casa de Dave! Rápido, sem
moleza! - Gritou Chris, enquanto ia atrás do corpo de Olívia, para enterrá-lo,
voltando pouco tempo depois de nós.
Victor estava
pálido, com os olhos completamente negros. Eu não sabia o que fazer, até que a
solução me apareceu repentinamente com uma súbita queda. Foi então que Victor
recobrou os sentidos.
- Onde estou? Cadê a
mamãe? Ah, meu... Deus... mãe! - Gritou Victor e, para evitar nosso atraso,
soquei-o, fazendo-o desmaiar.
Chegando em casa,
percebemos que Dave ainda não havia voltado da caça. Por isso, Victor decidiu
sair e o procurar. Sabendo que Victor tentaria procurar seu pai, Chris se adiantou
e ficou de guarda na porta, para que ninguém saísse, ou mesmo entrasse. Sabia
que se Victor saísse, tudo seria perdido.
- Onde pensa que
vai, mocinho? - Perguntou Chris, fazendo a mesma cara sínica de sempre.
- Vou procurar meu
pai! Preciso o ver, tenho que ficar com ele! - Retrucou Victor.
- Victor, seu pai
está caçando, sabe que nesses momentos ele não gosta de companhia. Ele vai
acabar lhe confundindo com um animal qualquer e atirar em você. Como fez com sua mãe - pensou.
- Tudo bem, mas se
dentro de uma hora ele não aparecer, ninguém vai me impedir de ir atrás dele! -
Victor gritou, virando as costas.
- Ok, ok. Agora pode
ir para o seu quarto, ou, seja lá para onde você queira ir, mas não saia de
casa - disse Chris.
- Depois de toda
aquela tensão, Chris se deitou no sofá, ressentido, sabendo que tudo o que
acontecera era por culpa sua, por um juramente que fizera com seu irmão, Dave,
no Bosque Maldito. Ainda me
lembro das palavras... "Meu sangue vos darei e minha vida preencherei. Meu
herdeiro terá seu valor, trará paz e harmonia, o segundo trará desgraça e será
amaldiçoado. Minha vida é sua vida, hoje serei um novo ser, possuído pelas
divindades e protegido por meu mestre."
- E pensar que foi
minha a culpa. O juramento que ambos fizemos, para um bem maior, acabou trazendo
a desgraça para o segundo herdeiro... Victor.
E acaba por aqui mais um capítulo! Valorizo muito a opinião de vocês, portanto, comentem, cliquem no +1 e compartilhem com seus amigos!
Cliquem aqui para ler o capítulo III
Recado do Garoto do Blog:
Pecadores, a tabacuda agora virou freira e o povo está achando que ser feio é moda, o Garoto do Blog também vai postar seu virtupério (livro)
Toda a sexta feira nesta imoralidade.
Está com um enredo muito muito muito bom, e com uma escrita adorável!!!
ResponderExcluirA-M-E-I