Livro de Resenhas | Veio ler? Não se contenha

sexta-feira, 17 de julho de 2015

A família Maldita - prólogo. Autor: Garoto do blog.



Prólogo:
   
   - Diabo! – Exclamou Ludmila num clamor trêmulo.
   Jorge estava preparado para dormir, mas se levantou abruptamente da cama para ver o que estava acontecendo. Sua esposa estava de costas, encarando a parede, onde havia algo de estranho. Jorge percebia, mas o quarto estava escuro e seus anos de leituras diárias reduziram a eficiência de sua visão. Tateou a parede à procura de um interruptor e ascendeu a lâmpada, vendo assim o que causava tremenda histeria em Ludmila.

Você se salvou! Mas seus filhos vão sofrer em dobro.

  Ele não acreditava que aquilo estava acontecendo, as letras, que se formavam na parede, eram escritas com sangue fresco, com nojo, ele encarou o ponto final deslizar delicadamente em forma de gota.
     Ele sabia o que estava acontecendo, foi sua culpa, não se preparou, agora toda a merda estava lançada no ventilador e ele nada poderia fazer, estava muito longe de seus filhos e ele sabia que tudo de ruim aconteceria a eles. Seus pensamentos recriminatórios foram expulsos pelo grito agudo e desesperado de Ludmila. Foi com horror, que Jorge assistiu a coluna de sua esposa se arquear para trás com violência. Ludmila o encarou de uma maneira sensualmente frívola e esnobe. De chofre, ela virou bruscamente sua cabeça para o lado, o som dos ossos estalando o fez gelar a alma. E então, aquele grito agudo. Jorge estava sem reação, em torpor e nada pôde fazer quando o peito de Ludmila começou a esguichar sangue.
  Ainda sem saber o que fazer criou forças para ir ao seu encontro, colocá-la numa posição mais confortável, tentar diminuir o fluxo de sangue perdido por ela... Mas, assim que chegou perto de sua esposa, o corpo dela começou a levitar, porém ela não estava mais imóvel, agora, ela se contorcia e gritava histericamente, pedindo ajuda, enquanto sua vida despencava aos poucos de seu peito. Sons de tapas e socos ecoavam com os gritos de sua esposa. Ao bater no teto, a cabeça de Ludmila fora puxada para frente e para trás batendo fortemente na parede. Jorge estava assustado e gritando seu nome, como se isso fosse a tirar dali.
  Ao ver o completo sofrimento de sua esposa, Jorge subiu em cima da cama e tentou puxá-la, mas Ludmila estava tão forte que o pegou pelo pescoço, urrando de ódio. Sem ar e sentindo sua coluna cervical esticar tanto, a ponto de desmontar, não conseguiu lutar quando sua esposa o jogou para o outro lado do quarto, fazendo-o bater fortemente contra a parede e cair com o rosto no chão. Assim que ele caiu, Ludmila também despencou do teto.
   A dor lancinante o corrompia por dentro, era difícil se movimentar, mas sua esposa tinha de ser hospitalizada. Ele poderia morrer, mas ela tinha de sobreviver. Ele chegou até Ludmila cambaleando, sem forças para carregá-la, teve que a arrastar delicadamente para fora do hotel e colocá-la no veículo.

   Foi difícil chegar ao carro, mas Jorge dirigia a toda velocidade, lutando para não desmaiar. Estavam em Houston Texas, e ele não conhecia nada lá, teve que ligar a merda do GPS e torcer para que ele desse a rota certa.
   5 Km – marcava a distância restante, o GPS. Estavam em uma rua deserta, com as luzes das casas apagadas, inesperadamente começou a chover, e como num passe de mágica uma névoa negra começou a invadir a estrada, tampando-a gradativamente, mas o que o assustou foi um monstro verde surgir inopinadamente em frente ao carro, Jorge pisou bruscamente no freio com o susto. O barulho do pneu foi à última coisa que ele escutou naquele dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário