Livro de Resenhas | Veio ler? Não se contenha

sexta-feira, 10 de julho de 2015

III Encontro de Ciências do Universo

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sense8 - Uma série original da Netflix

"We will all be judge by the courage of our hearts"

terça-feira, 7 de julho de 2015

Vamos responder essa imoralidade? TAG: Amo/Odeio


Descubram quem ganhou a primeira tag?
    Pois é... O livro de resenhas tendência homo sapiens... kkk

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Desabafando com fantasmas #2 DEIXA ALGUÉM GOSTAR DE VOCÊ, PESTE!

   
     Muitos são os que tentam se refugiar de suas frustrações e infortúnios na busca pelo amor verdadeiro,  alimentando expectativas de se completar, tornar sua vida mais feliz, ter alguém para lhe fazer sorrir, ser importante, no minimo, para uma pessoa!

domingo, 5 de julho de 2015

O Renascer do Outono - I - O adeus de uma mórbida

Bom dia, boa tarde ou boa noite, seja lá a hora que estiver lendo. Peço desculpas pelo pequeno atraso do capítulo, mas participei ontem de um evento, sobre o qual falaremos mais tarde.


Capítulo I
 O adeus de uma mórbida


Róvia era uma pequena cidade, localizada no interior de Westernia e lugar onde meus pais foram criados. Sempre que passava, mesmo que distante de tal lugar, sentia calafrios; meu peito doía, ouvia uma voz que me ordenava a voltar, fugir. Meus pais e eu, esporadicamente, fazíamos uma visita ao meu tio, e mais uma vez, meu pai decidiu que iríamos o visitar, com o pretexto de que ele estava doente. Dave, meu tio, nos mandara uma carta havia dois dias, falando a respeito de Victor e uma insólita "incorporação"; antes que eu finalizasse a leitura da carta, Christopher, meu pai, tomou-a de mim.
   Partimos então, rumo à Róvia, onde tive de passar novamente pelo terror psicológico. O céu estava agora negro, um clima pesado pairava no ar, a lua se escondeu dentre as nuvens, as estrelas começaram a sumir, uma a uma. Conforme chegava perto de Róvia, mais árvores apareciam; quando olhava para elas, via uma expressão de dor, havia rostos estampados e marcados em seus caules.
   - Pai, o que são esses rostos nas árvores? - Perguntei, amedrontado.
   - São as faces dos antigos recipientes, filho - respondeu.
   O que ele quis dizer com recipientes? Pensei em perguntar, todavia, não tive coragem ao ver a tristeza em seus olhos, que já não notavam mais a nossa realidade. Então apenas ignorei o que fora dito e fui na frente para a casa do meu tio, que já podia ser vista no caminho.
   Chegando à casa de Dave, ignorei-o passando por debaixo de suas pernas quando ele abriu a porta e corri para as escadas, que ficavam de frente para o quarto de Victor, meu primo. Quando crianças, brincávamos junto aos animais da fazenda diariamente. Entretanto, após um tempo, meu pai arrumou um emprego em Vernint - cidade ao leste de Róvia -, para onde tivemos de nos mudar. Passaram-se apenas dois anos, mas foram suficientes para a personalidade de Victor mudar. Sua feição estava absurdamente alterada, vestindo-se como um pequeno marginal, com feridas por todo o corpo e uma língua afiada.
   - E aí, Ray! Como tem passado? - Perguntou.
   - Victor? É você mesmo? O que houve? Está cheio de feridas e hematomas - tentei ignorar as roupas -, sua mãe não tem cuidado direito de você? - Perguntei.
   - Não, Ray. Estas são provas de que sou um HOMEM! - Gritou. - Deveria arranjar logo as suas - sugeriu.
   - Agradeço a oferta, mas não, obrigado. Minha tia Olívia deve ter feito algo... deve ser sobre isso que meu pai falava com a minha mãe durante aquela noite - pensei. - Bom, vim aqui lhe cumprimentar, mas tenho que ir ao mercado com o meu pai. Vamos comprar os ingredientes para a “Sopa M”. 
   - Ah, ok. Pensei que fôssemos brincar. Vou te esperar então, Ray! Até mais - Victor empurrou-me do quarto e bateu a porta.
   Meus pais estavam conversando com meu tio, mas ao me verem descer, pararam.
   - Aí está você, Raven! Venha cá dar um abraço no seu tio - Dave abriu os braços esperando que eu o atendesse.
   - Vamos pai, já está ficando tarde. Daqui a pouco o mercado fecha! - Ignorei novamente meu tio.
   - Tudo bem filho, me espere lá fora e, em um minuto irei atrás.
   - Vou aproveitar que estou de volta e irei visitar minhas antigas amigas da escola - disse Cristina, minha mãe, levantando-se do sofá e beijando Chris. 
   Tia Olívia estava em seu quarto, arrumando-se para uma festa que teria no Centro. Não demorou muito para meu pai sair e logo fomos ao mercado.

***

   Olívia, minha tia, costumava ser uma jovem feliz e carismática - como dizia a minha mãe -, porém, após a morte de sua mãe, mudou de figura. Passou a maltratar Victor; não o presenteava em datas comemorativas e o ignorava quando ele precisava de ajuda. Tudo o que Olívia fazia para Victor era ler uma boa e velha história para que ele dormisse. Tornou-se uma esposa controladora e egoísta. 
   - Venha aqui, cafajeste! Hoje haverá uma festa no Centro, e quero estar linda para a ocasião! Quem sabe surge algum milionário com olhos em mim... - sugeriu Olívia, irritada pela falta de resposta de Dave.
   - Às vezes essa vadia passa dos limites... - Dave resmungou, tentando evitar uma discussão pela extrema falta de respeito de Olívia. - Mesmo após tantos anos, arrependo-me profundamente pela aposta que fiz na adolescência - pensou.
   - Onde estão os dois mil? Vai me dar o dinheiro para que eu possa comprar meu vestido, ou posso ir nua? - Gritou Olívia, tão alto, que os vizinhos puderam ouvir tamanho desaforo.
   - Nua? - Dave tinha uma expressão assassina, pela raiva que já o dominava. - E o que você vai mostrar? A banha cobre toda a sua maldita xana arrombada, teus seios caídos chamam apenas a atenção de um boi e tua bunda enorme e entranhada serve apenas para acabar com o meu vaso sanitário. Chega de querer mandar em mim! Agora entre e vá cuidar de Victor, pois hoje à noite irei caçar, e não quero lhe ver fora de casa, em hipótese alguma. Escutou, vadia? - Disse Dave, impondo autoridade.
   - Tudo bem...
   Abatida com as atrocidades, sem poder rebater, Olívia entrou, bateu a porta, raivosa e subiu as escadas para o quarto de seu filho. Toc, toc. Victor animou-se com as batidas na porta, afinal, achou que se tratava nada menos que uma das histórias de sua mãe.
   - Posso entrar, querido? 
   - Claro que sim, mamãe! Conte-me uma história! - Gritou Victor entusiasmado.
   - Shh! - Olívia levantou bruscamente seu dedo indicador, levando-o até seus lábios. - Vejo que seu primo teve uma viagem longa e cansativa até aqui, já está até dormindo. Vamos o respeitar e fazer silêncio.
   Víctor tentou dizer que seu primo não estava ali, mas logo foi interrompido por sua mãe.
   - Perdoe-me, Victor, não poderia dormir hoje sem ouvir uma história? 
   - Hoje vai ser dia da sessão de homenzinho? Vou ganhar mais sangue? - Sorriu Victor. 
   - O que está dizendo Victor! Já disse que nunca mais faria aquilo de novo! Sobre a história... não estou com um bom humor a ponto de criar uma. Prometo que amanhã lhe contarei duas histórias, isto é, se estiver disposto a ouvir ambas! - Disse Olívia, apertando as bochechas de Victor, com uma expressão melancólica.
   Victor levantou-se da cama, dando um forte abraço em sua mãe, que se sentia profundamente abatida.
   - Tudo bem, mamãe. Sei bem como se sente, mas não fique assim por causa do meu pai. Eu sei que um dia ele irá lhe amar até mais que ama a tia Cristina! - Disse Victor, acariciando delicadamente o rosto de sua mãe.
   Olívia ficou pasma com a resposta do filho, e começou a o encarar friamente.
   - O que... o que houve mãe? - Gaguejou, nervoso. - Por que essa cara? - Perguntou Victor, assustado, já que não sabia a gravidade do assunto, pois tinha apenas seis anos, dois a menos que seu primo, Raven.
   - Agora você vai esclarecer tudo, mocinho! Quem lhe disse tamanha banalidade? - Questionou Olívia, com os olhos arregalados, rangendo os dentes.
   - Ouvi meu pai conversando com o tio Chris, lembro exatamente de cada palavra. "Christopher, quero que você saiba que mesmo tendo perdido aquela aposta, ainda não desisti de Christina, eu ainda a amo!".
   - Então seu pai disse isso? - Olívia perguntou, segurando as lágrimas. - Eu já havia me esquecido disso, achei que ele tivesse aprendido a me amar. Mas vejo que estive errada todo este tempo - pensou. - Agora vá dormir, meu filho, preciso ir a um lugar.
   Ela se levantou da cama e apagou o abajur, enquanto Victor se deitava e fechava vagarosamente suas pálpebras, impedindo seus olhos azuis de ver qualquer presença de luz.
   Olívia, ligeiramente, foi ao seu quarto para se trocar. Desta vez, ela iria ao encontro de Dave; exigia uma explicação para tal aposta ainda ser questionada. Porém, esta foi a pior decisão que ela poderia tomar. 
   - Boa noite, querido - Olívia sussurrou ao abrir a porta do quarto de seu filho, logo após a fechou vagarosamente. - Hoje seu pai irá finalmente me ouvir - disse, encostada na porta, soltando um forte suspiro.
   Ela correu seguindo a trilha que Dave sempre usava, conhecia cada passo de seu marido; sabia que ele iria ao sul da floresta, perto de uma cabana, e ela estava certa. Ele estava na área central de um bosque.
   - Dave, desculpe-me por ter saído de casa sem permissão, mas preciso falar com você - disse Olívia, ofegante. 
   - O que você está fazendo aqui? Volte o mais rápido possível, antes que seja tarde!
   - Não posso esperar nem mais um segundo para saber. Dave, me responda com sinceridade. Você realmente me ama?
   - Volte para casa, Olívia! Não tenho tempo, nem forças, de lhe dizer nada agora. Prometo que tudo será esclarecido quando eu voltar para casa, mas, por favor, volte! - Gritou, começando a ficar alterado.  
   - Não! Apenas me responda! Aproveite agora que está com esta espingarda e decida, acabe com seu sofrimento ao meu lado - lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, - eu sei que você sempre amou Cristina, jamais me olhou nos olhos quando falava de amor; sempre me olhou como uma substituta dela! Só está comigo por azar, por uma aposta! Apenas responda, se me ama, volte para casa comigo. Mas se não, acabe com esse sofrimento e atire! - Olívia lançou um olhar penetrante sobre Dave.
   - Por favor, Olívia, vol - Dave foi bruscamente interrompido, começou a falar com um tom de voz diferente, como se estivesse possuído. - Não vai voltar, não é, sua puta? Vou lhe dizer a verdade. Sim, eu sempre amei Cristina; e não, não vejo mais você como substituta para ela, afinal, ela é magra, linda, meiga e gentil, e você, nada mais que uma bola de sebo - Dave tentou retomar o controle sobre si. - Não o escute, Olívia, volte logo para casa. Rápido! Antes que ele tome o controle novamente!
   - Não, não, não! Quer dizer que tudo que eu mais temia era verdade? Se você não me ama, não quero mais viver. Se eu não morrer pelas suas mãos, eu mesma me matarei! - Olívia correu na direção de Dave com os olhos fixos na espingarda.
   - Fique onde está Olívia! Não venha! - Dave tentou fugir, mas não conseguia mover suas pernas.
   Olívia agarrou a espingarda, apontando-a para seu peito.
   - E então, o que vai ser? Você me matará ou terei de fazer isso? Basta puxar o gatilho e estará livre de mim. Vamos, atire seu desgraçado! Rápido! - Gritou Olívia.
   Dave olhou ternamente para os olhos de Olívia e, vendo que ela estava realmente determinada a morrer, começou a chorar desesperadamente. Sabia que agora sim, sua esposa não poderia escapar do cruel destino que a aguardava. Ele sabia que seria dominado novamente e isso logo aconteceria.
   - Queria, ouça-me. Mesmo amando outra mulher, os anos que passei ao seu lado foram ótimos. Rimos, choramos, passamos por diversas dificuldades, mas as superamos. Saiba que se eu não houvesse conhecido Cristina, meu coração seria só seu. Tivemos um lindo filho juntos, eu já estou perdido para a destruição. Não quero que trace o mesmo destino que eu. Quero que cuide de nosso filho, então... - Dave foi subitamente interrompido por um disparo. Olívia havia puxado o gatilho.
   - Desculpe-me, não posso criar nosso filho nesse estado lastimoso. Ele deveria ser o fruto do nosso amor, mas... - Olívia não aguentou ficar de pé e caiu ao chão. Dave encarava com lágrimas nos olhos sua esposa estirada, num estado deplorável, e foi com um pesar que viu um fio de sangue sair de sua boca, serpenteando pela bochecha, marcando sua última força de vida, que se agarrava com vigor em seu corpo. - Você jamais me amou. Ele não merece isso, não merece uma mãe mal-amada - Olívia forçou a voz e tossiu, não conseguiu dizer mais nada. Dave se abaixou, acariciando seu rosto, surpreendendo-se ao ver o esforço que esta fazia, ao puxá-lo para perto e dar-lhe o último beijo. - Adeus.

   O sangue no peito de Olívia começou a transbordar. Dave, horrorizado, levantou-se e recuou. Desolado, tentou fugir, mas foi impedido por uma voz.


Então é isso, pessoal. Para os que não entenderam o motivo dos asteriscos, foi para mostrar que Ray agora é um narrador-observador.